domingo, 9 de dezembro de 2012

TRADIÇÃO QUE PASSA DE MÃE PARA FILHAS



 Desde que entrei no antigo curso Ginasial, que minha casa era sempre o centro dos encontros das amigas, fosse para estudar para provas, fazer trabalhos de grupo ou apenas se divertir.  Lá em casa não havia restrições quanto a bagunça e barulho.  A casa não era muito grande, mas tinha espaço suficiente para acolher as minhas amigas e todos os nossos sonhos e projetos.

Quando eu e minha irmã ingressamos em um grupo de jovens no colégio Salesiano, o SOS, o movimento lá em casa aumentou. Além das minhas amigas durante a semana, os finais de semana passaram a ser mais agitados com o a presença dos novos amigos. E, quando, lá mesmo no Salesiano, fizemos Encontro de Jovens, aí foi que o movimento triplicou.

A nossa casa era uma verdadeira festa, sempre. E meus pais gostavam de ver aquela turma toda entrar e sair, enchendo a casa de alegria. Só tinha uma condição: acabar às dez da noite. Apesar da brabeza que meu pai aparentava, todos os meus amigos adoravam ele e não trocavam as farras lá em casa por nenhum outro lugar. Fazíamos até serenata na calçada, já que não tínhamos jardim ou terraço. Não sei se os vizinhos gostavam. Mas nunca reclamaram.
Dos tempos de escola e dos tempos dos grupos de jovens tenho amigos até hoje. Algumas amizades  com tantos que às vezes até fica difícil imaginar. Quase jubileu de ouro.

Eu e minha irmã nunca fomos de “baladas”. O que gostávamos mesmo era de nos reunirmos com amigos para conversar, ouvir música ou fazer serenata.
O tempo passou, casei, família nova, alguns novos amigos, alguns antigos e a prática de reunir-se para conversar ou jogar mímica ou jogos de tabuleiro se estabeleceu aqui em casa. Virávamos noites de sábado jogando Master, Scotland Yard e outros.  A casa continuava cheia e animada.
As filhas foram crescendo e foi a vez dos amigos delas se reunirem aqui em casa. Quando pequenas, eram as amigas do prédio que se reuniam aqui para brincar. A sala virava o mundo de barbie e, por vezes, não conseguíamos nem andar pela casa. Mas eu curtia cada minuto, querendo eu mesma me meter na brincadeira.

As duas mais velhas cresceram e foi a vez dos encontros para jogos, conversas e música ser com os amigos delas. Acrescentando-se aí os jogos de  videogame.

A casa vivia sempre cheia de amigos do colégio, do kung Fu, do heavy Metal,  das “nerdices”.  E, a caçula também já se iniciava, trazendo as amiguinhas da escola.
O tempo passou (esse danado que não para nunca, nem um pouquinho), as duas mais velhas foram embora pra longe. E a caçula assumiu o posto de responsável pela animação da casa.  Surgiram as “Together”, um grupo de oito amigas formado por ela,  duas amigas dela da escola e cinco amigas das amigas. Começaram a se reunir no começo do ensino médio , hoje, todas na faculdade, continuam a se reunir sempre, comemorando aniversários, assistindo a filmes, jogando jogos de videogame e tabuleiro, não permitindo que a alegria e animação façam falta nesta casa. Que, aliás, foi escolhida como a  “sede oficial das Together”.

E querem saber o melhor de tudo? Alguns amigos das mais velhas continuam vindo aqui, mesmo sem elas e, agora, algumas reuniões são mistas com amigos das mais velhas e da caçula se divertindo aqui, em nossa casa. Até os que moram longe também participam das farras, quando estão em Recife.
No ano novo de 2011/2012, a reunião foi, inclusive, com as duas mais velhas.  Este ano vai rolar também, só que vai estar incompleta sem uma das minhas princesas que não vai poder estar aqui.
Vocês não tem noção de como é bom ouvir os risos, as brincadeiras, as vibrações no jogos, da turma reunida aqui em casa.
Quando vejo pais reclamando da bagunça que os filhos fazem, do barulho dos amigos e coisas assim tenho muita pena por eles não estarem sabendo aproveitar estes momentos únicos.
Hoje, as duas mais velhas continuam a tradição reunindo os amigos em suas casas. Lamento não conhecer os seus amigos e não poder participar destas farrinhas.

Enquanto isso vou aproveitando cada minuto enquanto as farras ainda acontecem aqui.  Quem duvidar que isso é bom deveria experimentar uma vez.  Tenham certeza: uma boa noite de jogos de tabuleiro, de mímica ou de videogame é muito muito melhor do que qualquer saída pra jantar fora ou barzinho. 
Na verdade, o bom mesmo é se divertir com quem a gente gosta. O bom mesmo é estar juntos.