domingo, 26 de julho de 2015

DE REPENTE AVÓS


De repente os filhos crescem se tornam independentes e não precisam mais da gente para levar na escola ou na casa dos amigos. Escolhem suas próprias roupas, seus cursos, seus amores. E a gente passa de responsável por suas vidas a espectadores e, com alegria, consultores. Digo com alegria porque filhos independentes são o coroar da missão de pais. Mas não simplesmente independentes, mas também responsáveis, com princípios sólidos e sábias decisões. Mas, vamos combinar que, uma consultoria aqui e outra ali faz bem para o ego dos pais.

Daí eles vão construindo suas vidas e nós, os pais, vamos transferindo os cuidados para os mais novos. Até que eles  crescem e começam também a cuidar de suas próprias vidas. E a gente fica assim, como diz o ditado, com as mãos abanando, sentido falta daquela movimentação própria de casa que tem criança, de pessoinhas dependendo da gente para comer, ir ao banheiro, trocar de roupa ... 

E, de repente, a gente ganha um presente e a casa volta a se encher de brinquedos, gritinhos, choros, risinhos e muita, muita alegria e a gente se vê, novamente, sentindo a ternura e a alegria de segurar os braços um bebê. É a hora dos netos chegarem e povoarem de carinho, abraços e alegrias, a nossa vida.

São diversas as fases pelas quais passamos na vida e, agora, vivo, com a imensa felicidade, a fase de ser avó.  E como é bom repartir com os amigos essa alegria, conversar sobre os netos, contar as gracinhas, mostrar as fotos. Ou trocar mensagens pelo dia dos Avós pelo whatsApp. Hoje recebi várias mensagens lindas de minhas amigas. Sim, somos avós modernas e os comunicamos pelas mídias sociais.

Uma das mensagens que recebi, foi um belo texto de Rachel de Queiros que termina assim: "E quando você vai embalar o menino e ele, tonto de sono abre o olho e diz: "Vó!" seu coração estala de felicidade, como pão no forno!"

Como falei, sou uma avó moderna e, foi pelo Skype que ouvi, pela primeira vez, a minha neta me chamar de VOVÓ. Foi uma emoção tão grande e emocionante que não saberia descrever. E, cada vez que ela fala VOVÓ é sempre muito gostoso de ouvir. 

                                 Não posso ver a minha neta todos os dias pessoalmente. Infelizmente ela mora muito longe. Mas nos falamos no Skype e, através dele, das fotos e dos vídeos, vou acompanhando seu crescimento, nos intervalos entre um encontro ao vivo e outro.

Agradeço a minha filha e ao meu genro esse presente especial e maravilhoso que é a minha neta em minha vida. Dizem que neto é filho com açúcar e coisas assim. Neto é tudo e muito mais.

Feliz Dia dos Avós para todos os meus amigos e todas as minhas amigas que desfrutam dessa fase maravilhosa da vida e que curtem cada momento, cada novidade de seus e netas. Gostaria de enumerá-los todos, mas corro o risco de ser injusta e esquecer de alguém.

Então, para cada um de nós, avós corujas, babões e deslumbrados, um Feliz Dia.

segunda-feira, 20 de julho de 2015

FELIZ DIA DO AMIGO

Homenagem a todos os meus amigos que guardo do lado esquerdo do peito, debaixo de sete chaves:

AMIGO É CASA

Capiba e Hermínio Bello de Carvalho
 
Amigo é feito casa que se faz aos poucos
e com paciência pra durar pra sempre
Mas é preciso ter muito tijolo e terra
preparar reboco, construir tramelas
Usar a sapiência de um João-de-barro
que constrói com arte a sua residência
há que o alicerce seja muito resistente
que às chuvas e aos ventos possa então a proteger
E há que fincar muito jequitibá
e vigas de jatobá
e adubar o jardim e plantar muita flor toiceiras de resedás
não falte um caramanchão pros tempos idos lembrar
que os cabelos brancos vão surgindo
Que nem mato na roceira
que mal dá pra capinar
e há que ver os pés de manacá
cheínhos de sabiás
sabendo que os rouxinóis vão trazer arrebóis
choro de imaginar!
pra festa da cumieira não faltem os violões!
muito milho ardendo na fogueira
e quentão farto em gengibre
aquecendo os corações
A casa é amizade construída aos poucos
e que a gente quer com beira e tribeira
Com gelosia feita de matéria rara
e altas platibandas, com portão bem largo
que é pra se entrar sorrindo
nas horas incertas
sem fazer alarde, sem causar transtorno
Amigo que é amigo quando quer estar presente
faz-se quase transparente sem deixar-se perceber
Amigo é pra ficar, se chegar, se achegar,
se abraçar, se beijar, se louvar, bendizer
Amigo a gente acolhe, recolhe e agasalha
e oferece lugar pra dormir e comer
Amigo que é amigo não puxa tapete
oferece pra gente o melhor que tem e o que nem tem
quando não tem, finge que tem,

faz o que pode e o seu coração reparte que nem pão.


quarta-feira, 1 de julho de 2015

DESVENTURAS FORA DE SÉRIE – EPISÓDIO 16

Já faz um bom tempo que não volto a contar as desventuras das meninas nas terras geladas.  E, aqui estou eu outra vez. Só que dessa desventura, participaram as duas meninas, eu, o pai e o mais novo membro da família, a pequenina das terras geladas. Só não estava nas terras geladas a  minha caçulinha que ficou nas terras quentes brasileiras.

Pois muito bem.  Ao nos prepararmos para a viagem, perguntamos sobre que roupas levar e tal, nos disseram que iríamos pegar um clima muito bom, porque estava no final da primavera e o verão já estava chegando. Então me preparei para um clima gostoso, e muitos passeios ao sol.

No dia que chegamos, fomos recebidos por 17 graus maravilhosos, um sol bonito e uma primavera anunciada por belas flores e árvores repletas de verde.

E foi a última vez que sentimos esses 17 graus ao vivo. O sol, em todo o seu esplendor,  aparecia, tenho que admitir. Normalmente por volta das seis da noite, depois de ter caído muita chuva durante todo o dia. Daí ele clareava tudo e ficava assim, até perto da meia-noite. 
20:35. E o sol firme


Depois ele se recolhia. Mas não totalmente, deixando um rastro de luz que esmaecia um pouco, lá pela uma hora da manhã até umas duas, duas e meia, quando já voltava a ficar claro, como se fosse seis da manhã por aqui.

Mas, mesmo com toda chuva e os 5º graus que fazia praticamente todos os dias e do vento que entrava pelas roupas e congelava até os pensamentos, nós saíamos para turistas. Afinal, a menina da América do Norte e o pai das meninas não conheciam a cidade.

E  assim, em uma manhã chuvosa fomos todos a um restaurante que fica em uma torre, de onde podemos ver toda a cidade e os fiordes. 




Sentamos no andar que gira, uma facilidade para vermos tudo sem nos levantarmos.  Todos colocamos os casacos em uma das cadeiras e curtimos o nosso almoço e a bela vista. 

Na hora de ir embora, já quase na hora do ônibus passar, começamos a vestir nossos casacos, luvas, toucas, nos apressando para não perder o ônibus, a menina da América não consegue achar o casaco. Todos saímos andando pelo restaurante, procurando o tal casaco e nada. Falamos com um dos garçons, ele se prontifica a ajudar, mas se entretém com umas pessoas que pediram para ele tirar fotos delas e ficamos esperando uma resposta. Quando ele finalmente volta e diz que não encontrou nada, pedimos, gentilmente, para ele perguntar no balcão se alguém não teria achado o casaco e entregue lá. E, para nossa surpresa, lá volta ele com o casaco nas mãos. A menina do país gentil havia colocado o casaco na parte que fica fixa. Então, enquanto nós girávamos, o casaco ia se afastando, se afastando, se afastando... até que alguém achou e entrego no balcão.


Foi um sufoco, ainda mais porque corremos para a parada do ônibus e, ao chegar lá, não tínhamos certeza se era realmente aquela. 


Mas, no final, deu tudo certo e todos voltamos para casa devidamente agasalhados, apesar da chuva. Foi uma tarde agoniada, mas muito gostosa.