sábado, 12 de outubro de 2013

DIA DAS CRIANÇAS

Quando vejo as matérias sobre o movimento nas lojas na compra de presentes para o Dia das Crianças, fico pensando que esse dia poderia ser melhor aproveitado se, em lugar de brinquedos caros e de última geração, todos os pais pudessem dar aos filhos algo muito mais precioso: o seu tempo.
Lembro-me bem das comemorações do Dia das Crianças de minha infância quando saía com meus pais e minha irmã, meus tios e meus primos, para fazermos alguma programação divertida. Não lembro de nenhum presente que tenha ganho nesses dias, mas lembro de como eram legais as nossas saídas, de como nos divertíamos e curtíamos a companhia um dos outros.

Como mãe, é claro, sempre gostei de dar presentes às minhas filhas, procurando descobrir o que mais queriam e, se fosse possível, fazer-lhes a surpresa. Mas o que sempre gostei foi da companhia delas, de curtir com elas, desde o primeiro choro, o primeiro dentinho, os primeiros passos, às conquistas maiores.

Participar da vida dos filhos, acompanhar de perto o seu desenvolvimento, inclusive na escola, é muito mais importante do que qualquer presente. Podem ter certeza.

Nunca perdi reunião de pais e mestres, apresentações, abertura de jogos. Documentava tudo, as dancinhas, os jogos, os desfiles, as peças. E observava o sofrimento das crianças cujos pais não estavam presentes, muitos por força do trabalho, mas também outros por falta de interesse mesmo. Conheci pais que só tomavam conhecimento das notas dos filhos quando eles já estavam nas provas finais ou no conselho de classe.

Ter filho não é obrigação, é opção. Quando se coloca uma criança no mundo, é para toda a vida, não é descartável, não se guarda no armário quando está sem paciência ou sem disposição. Portanto, faz parte do pacote dar atenção, assistência, dedicação e interesse pela vida daquele pequeno ser, cuja formação vai depender de quem os cria.

Não devemos delegar a ninguém o privilégio de educar uma criança, de contribuir para formar um cidadão, uma cidadã. Vamos tornar cada dia do ano o dia das nossas crianças, dando-lhes todo o amor e todo carinho que tivermos. Vamos forma seres humanos que possam contribuir para melhorar esse mundo tão caótico em que vivemos.

Sejamos crianças com elas, descobrindo a magia de voltar a ser criança e de brincar de bonecas ou carrinhos com os nossos filhos. Ou ainda, preparar uma bacia de pipoca e assistir a um divertido desenho.

Deixemos as crianças serem crianças o máximo de tempo que puderem. Afinal, a infância passa, mas para ser adultos, terão o resto da vida.


Aproveitemos cada dia de nossas crianças dividindo realmente, com elas, o nosso tempo.

domingo, 6 de outubro de 2013

A FÓRMULA PARA SUPORTAR A SAUDADE

Hoje uma amiga, Fátima, me disse que sua filha vai passar uma ano e meio fora do país e me perguntou qual a fórmula para aguentar a saudade.

Olhei para ela e respondi: não sei minha amiga. Depois de cinco anos que a primeira filha foi morar fora e quase quatro anos que a segunda foi também, eu ainda não consegui conviver bem com a saudade. Ainda não conseguimos fazer amizade, mesmo depois de tanto anos de convivência. A sua presença é constante em minha vida e acredite-me, infelizmente, não fica mais fácil à medida que o tempo passa. A saudade não se esforça para ser legal nem para ser amigável. Ela é durona, cruel e nos machuca sempre que aparece. Não minha amiga, não tem chance de uma boa convivência com ela.

Quando elas estavam para ir embora eu não queria pensar no assunto, para não sofre por antecipação. E, me iludia, achando que, se eu superasse os primeiros meses, depois me acostumaria.

Mas, a verdade é que, depois de todos esses anos, ainda não me acostumei. Porque minha amiga, se acostumar com a ausência não é uma tarefa fácil. Não é fácil conviver, no dia a dia, com as camas e os lugares na mesa sempre vazios. Com os almoços menores nos finais de semana.

Não venham me dizer que falar todos os dias na internet é a mesma coisa. Nada pode substituir um abraço apertado, um beijo na bochecha, uma passada de mão nos cabelos. A internet ajuda, claro, a manter contato, a saber as notícias em tempo real. Mas nunca vai substituir a presença.

Quando o coração fica muito apertado e um nó enorme sufoca a garganta, penso em como elas estão bem, felizes, morando em um lugar melhor do que aqui, com segurança, saúde, transporte público de qualidade, bons empregos, educação para os filhos ... tudo tão importante e, ao mesmo tempo, tão pequeno quando o preço a se pagar por isso é a distância.

Embora seja o curso natural da vida os filhos crescerem e deixarem o ninho, quando voam para muito distante, não existe, minha amiga, nem uma fórmula nem uma medida certa para nos consolar.
Tem dias melhores, quando estamos em contagem regressiva para a chegada delas. Tem dias piores, logo depois que vão embora. Tem dias onde a saudade dói tanto que parece que o nosso peito vai arrebentar, tem dias que ela se comporta e não nos sufoca e a gente até consegue passar o dia inteiro sem chorar. Tem lágrimas e sorrisos, ansiedade e esperança. E, misturado a tudo isso, um amor enorme que só queria chegar perto e nunca mais se afastar.