A vida é muito interessante, feita de fases, que
chegam, passam, se repetem mais adiante com outras pessoas, com nuances
diferentes, aqui e ali, em um ciclo que segue sempre em frente.
Nascemos, crescemos, estudamos, trabalhamos, nos
apaixonamos, namoramos, casamos, temos filhos.
Existe algo mais maravilhoso do que ter filhos e
cria-los com muito amor? Acompanhar cada choro, cada dentinho, palavras novas,
passos hesitantes, primeiro dia na escola, provas, passagem de ano, vestibular,
faculdade. Não se repete o ciclo?
Daí vem as paixões, os namoros, as desilusões e os
acertos. A gente sofre a cada sofrimento dos filhos, talvez mais do que eles. A
gente vibra a cada conquista, a cada alegria, a cada sorriso. E, de repente, a
se pega vivendo mais a vida dos filhos do que a nossa.
Isso é família, o presente que a vida nos dá para
tomarmos conta e ensinar a viver.
Quando os filhos ficam adultos e passam a viver por
conta própria, o ninho fica vazio e a gente precisa se reinventar para poder
conviver com esta nova fase.
Quando minhas duas filhas mais velhas decidiram ir
morar no exterior achei que não ia suportar. Passei momentos tão ruins, de
tanta saudade, que achava que o peito ia arrebentar de tanta dor.
Só consegui seguir em frente porque a caçulinha ainda
ficou conosco e o ninho não ficou totalmente vazio. Se fosse assim, nem sei
como teria sido.
Uma está morando fora há quatro anos e oito meses e a
outra há três anos e um mês. Não vou falar os dias se não vão me achar louca.
Não eu não conto os dias, só os meses. E daí sempre escuto uma ou outra pessoa
falar: “Agora já acostumou não é?”
Não, eu não me acostumei. Sinto falta das duas como se
a ida delas fosse recente. Sabem aquela música que já postei aqui: “Eu não
existo longe de você, e solidão é o meu pior castigo, eu conto as
horas pra poder te ver, mas o relógio tá de mal comigo”... ?
Foi assim no ano passado quando a caçula viajou e
passou dois meses fora. O tempo não passava nunca. É assim durante todos os
meses do ano em que fico contando o tempo para ver as outras duas de novo,
ainda que seja por três semanas. São três semanas intensas, mas durante elas, o
relógio passa bem rápido do que deveria. A mais velha passou o natal e o ano
novo conosco. A do meio passou o meu aniversário e o de mamãe aqui com a gente.
E, vivendo uma nova fase ela ficou noiva e pudemos curtir esta alegria juntas.
Foi muito bom. Agora curto a espera de mais um novo momento para a família
estar reunida outra vez.
Li esta semana em uma postagem no facebook que “a
saudade é um sentimento que não caba no peito escorre pelos olhos”. É assim
mesmo esta danada da saudade.