quinta-feira, 15 de julho de 2010

Free Hugs

Finalmente organizada!
Viagem perfeita, pessoas e paisagens urbanas maravilhosas, cidades antigas e cenas emocionantes.
Assistimos o jogo Brasil x Portugal num restaurante português! Diversão garantida!
Mas como é bom voltar para nosso "cantinho", para as coisas com o nosso cheiro, reconhecer os rostos pela cidade, admirar o céu mais azul do mundo, encontrar vizinhos no mercado e ouvir a língua materna.
São tantos os pequenos detalhes que fazem nosso dia a dia e que apenas percebemos quando somos privados.
Pequenos gestos, como o ABRAÇO!
Sim, um abraço, que para nós latinos, especialmente brasileiros é tão especial e faz parte do nosso dia a dia.
Abraço que é símbolo de solidariedade, de conforto, de amizade, de fraternidade e o gesto-símbolo mais estreito entre pais e filhos.
Pois é, nesta viagem ao Canadá, me dei esta tarefa agradável: Distribuir abraços!
Além de abraçar e acarinhar meu filho fiz questão de abraçar todos que com aquele brilho no olhar nos reconheciam nas ruas como brasileiros.
Sinto que cumpri minha missão , abracei cariocas, baianos, pernambucanos, cearenses, e até "canadenses abrasileirados"
Percebi que nos tornamos um pouco mãe e pátria para os que por opção ou não estão longe da casa brasileira.
Obrigada Canadá por todo carinho que durante muito tempo vai alimentar nossas almas.

sábado, 3 de julho de 2010

PATRIOTA: SER OU NÃO SER?

Quando se está longe de nossa terra, seja em outra cidade, outro estado ou outro país, principalmente, ficamos mais sensíveis às nossas raízes deixadas para trás.
Qual é o recifense que longe de casa não sente saudade do feijão que comia quase diariamente, do mar azul batendo nos arrecifes, da água de coco nas barraquinhas do calçadão, da tapioca na Praça da Sé de Olinda, do cuscuz com leite e açúcar ou então com uma carninha guisada com muito molho?
Como não sentir saudade da carninha de sol com feijão verde, do arrumadinho ou do escondinho de charque? Da macaxeira se desmanchando, com a manteiguinha escorrendo? E das comprinhas na feirinha da pracinha de Boa Viagem, do queijo coalho assado na brasa, da canjica, pamonha e pé-de-moleque no São João, do feijão de coco da Semana Santa, da agulha frita torradinha... da FENEARTE e seus artesanato da melhor qualidade... ?
Isso, é claro, não seria exatamente patriotismo, mas seria alguma coisa entre patriotismo, raízes culturais e até DNA, porque gostar de tudo isso ou, pelo menos de uma boa parte disso, está no sangue do recifense.
Dizia um antigo jingle da VARIG que “quem chega em Recife logo fica apaixonado, beleza por todo lado, Recife é linda demais, o frevo é quente, alegria de toda essa gente, com muito orgulho de lá.
Praia de Boa Viagem, Capibaribe e pontes, históricos montes, Guararapes, Igreja de São Pedro, museus e monumentos, Olinda e suas tradições, conheça o Recife, e leve o Recife pra sempre no seu coração”.
Poderia até dizer, apelando para uma frase bem batida, que “você pode sair de Recife, mas o Recife não sai de você”.
O que é a minha pátria? “A minha pátria é como se não fosse, é íntima Doçura e vontade de chorar; uma criança dormindo
É minha pátria. Por isso, no exílio Assistindo dormir meu filho
Choro de saudades de minha pátria”, escreveu o poetinha Vincícius para sua pátria tão distante.
Eram outros tempos, tempos difíceis, onde a para ele a “Pátria minha... A minha pátria não é florão, nem ostenta Lábaro não; a minha pátria é desolação De caminhos, a minha pátria é terra sedenta E praia branca; a minha pátria é o grande rio secular
Que bebe nuvem, come terra E urina mar”.
No próximo dia 09 de julho vai fazer 30 anos que o poetinha partiu, deixando uma magnífica obra, entre poesia para ser lida, recitada ou cantada. Se vivo fosse, talvez reescrevesse seu poema escrito quando morava longe de sua terra. Sua pátria não é mais desolação e a sede está mais aplacada. Hoje está menos descalça e mais alimentada. Hoje poetinha, há muita coisa do que nos orgulharmos de nossa pátria. Não somos mais o país apenas do futebol e do carnaval.
Imagino que, talvez por isso, por hoje vivermos em um país melhor do que o deixado por Vinícius, há 30 anos, para quem está distante, a saudade seja ainda maior.
“Mais do que a mais garrida a minha pátria tem Uma quentura, um querer bem, um bem Um libertas quae sera tamem .... Não te direi o nome, pátria minha Teu nome é pátria amada, é patriazinha”...
És o solo fértil e gentil que acolhe a todos com seus longos e afetivos braços. Com suas cores, seus sabores e sua gente sempre otimista, alegre, sorridente, fica difícil não amar uma pátria assim.
Ser patriota é muito mais que exibir a bandeira na parede de casa, como vemos em filmes estrangeiros. Ser patriota é acreditar que o país tem jeito; é carregá-lo onde for, bem dentro do peito; é se encher de orgulho e dizer, mundo afora: eu sou brasileiro e não desisto nunca.