sábado, 3 de julho de 2010

PATRIOTA: SER OU NÃO SER?

Quando se está longe de nossa terra, seja em outra cidade, outro estado ou outro país, principalmente, ficamos mais sensíveis às nossas raízes deixadas para trás.
Qual é o recifense que longe de casa não sente saudade do feijão que comia quase diariamente, do mar azul batendo nos arrecifes, da água de coco nas barraquinhas do calçadão, da tapioca na Praça da Sé de Olinda, do cuscuz com leite e açúcar ou então com uma carninha guisada com muito molho?
Como não sentir saudade da carninha de sol com feijão verde, do arrumadinho ou do escondinho de charque? Da macaxeira se desmanchando, com a manteiguinha escorrendo? E das comprinhas na feirinha da pracinha de Boa Viagem, do queijo coalho assado na brasa, da canjica, pamonha e pé-de-moleque no São João, do feijão de coco da Semana Santa, da agulha frita torradinha... da FENEARTE e seus artesanato da melhor qualidade... ?
Isso, é claro, não seria exatamente patriotismo, mas seria alguma coisa entre patriotismo, raízes culturais e até DNA, porque gostar de tudo isso ou, pelo menos de uma boa parte disso, está no sangue do recifense.
Dizia um antigo jingle da VARIG que “quem chega em Recife logo fica apaixonado, beleza por todo lado, Recife é linda demais, o frevo é quente, alegria de toda essa gente, com muito orgulho de lá.
Praia de Boa Viagem, Capibaribe e pontes, históricos montes, Guararapes, Igreja de São Pedro, museus e monumentos, Olinda e suas tradições, conheça o Recife, e leve o Recife pra sempre no seu coração”.
Poderia até dizer, apelando para uma frase bem batida, que “você pode sair de Recife, mas o Recife não sai de você”.
O que é a minha pátria? “A minha pátria é como se não fosse, é íntima Doçura e vontade de chorar; uma criança dormindo
É minha pátria. Por isso, no exílio Assistindo dormir meu filho
Choro de saudades de minha pátria”, escreveu o poetinha Vincícius para sua pátria tão distante.
Eram outros tempos, tempos difíceis, onde a para ele a “Pátria minha... A minha pátria não é florão, nem ostenta Lábaro não; a minha pátria é desolação De caminhos, a minha pátria é terra sedenta E praia branca; a minha pátria é o grande rio secular
Que bebe nuvem, come terra E urina mar”.
No próximo dia 09 de julho vai fazer 30 anos que o poetinha partiu, deixando uma magnífica obra, entre poesia para ser lida, recitada ou cantada. Se vivo fosse, talvez reescrevesse seu poema escrito quando morava longe de sua terra. Sua pátria não é mais desolação e a sede está mais aplacada. Hoje está menos descalça e mais alimentada. Hoje poetinha, há muita coisa do que nos orgulharmos de nossa pátria. Não somos mais o país apenas do futebol e do carnaval.
Imagino que, talvez por isso, por hoje vivermos em um país melhor do que o deixado por Vinícius, há 30 anos, para quem está distante, a saudade seja ainda maior.
“Mais do que a mais garrida a minha pátria tem Uma quentura, um querer bem, um bem Um libertas quae sera tamem .... Não te direi o nome, pátria minha Teu nome é pátria amada, é patriazinha”...
És o solo fértil e gentil que acolhe a todos com seus longos e afetivos braços. Com suas cores, seus sabores e sua gente sempre otimista, alegre, sorridente, fica difícil não amar uma pátria assim.
Ser patriota é muito mais que exibir a bandeira na parede de casa, como vemos em filmes estrangeiros. Ser patriota é acreditar que o país tem jeito; é carregá-lo onde for, bem dentro do peito; é se encher de orgulho e dizer, mundo afora: eu sou brasileiro e não desisto nunca.

2 comentários:

Juliana Avelar disse...

Olá Rejane, sou a Juliana, irmã do Saulo. Adorei seu blog! Minha mãe ja tinha me falado do Clube do Ninho Vazio. Vou ensiná-la a interagir com o blog, quem sabe assim ela passe compartilhar esse momento com você. Vou estar por aqui também, dividindo esse desafio de ter o lugar do meu irmão vazio no nosso ninho. Ainda bem que ele está muito bem acompanhado:) Abraço, Juliana

Praxis Consultoria de Marketing e Vendas disse...

Há umas espécies onde o pai ajuda a criar os filhotes.
É assim que me sinto e de certa forma também meu ninho está vazio.
Sérgio