domingo, 6 de outubro de 2013

A FÓRMULA PARA SUPORTAR A SAUDADE

Hoje uma amiga, Fátima, me disse que sua filha vai passar uma ano e meio fora do país e me perguntou qual a fórmula para aguentar a saudade.

Olhei para ela e respondi: não sei minha amiga. Depois de cinco anos que a primeira filha foi morar fora e quase quatro anos que a segunda foi também, eu ainda não consegui conviver bem com a saudade. Ainda não conseguimos fazer amizade, mesmo depois de tanto anos de convivência. A sua presença é constante em minha vida e acredite-me, infelizmente, não fica mais fácil à medida que o tempo passa. A saudade não se esforça para ser legal nem para ser amigável. Ela é durona, cruel e nos machuca sempre que aparece. Não minha amiga, não tem chance de uma boa convivência com ela.

Quando elas estavam para ir embora eu não queria pensar no assunto, para não sofre por antecipação. E, me iludia, achando que, se eu superasse os primeiros meses, depois me acostumaria.

Mas, a verdade é que, depois de todos esses anos, ainda não me acostumei. Porque minha amiga, se acostumar com a ausência não é uma tarefa fácil. Não é fácil conviver, no dia a dia, com as camas e os lugares na mesa sempre vazios. Com os almoços menores nos finais de semana.

Não venham me dizer que falar todos os dias na internet é a mesma coisa. Nada pode substituir um abraço apertado, um beijo na bochecha, uma passada de mão nos cabelos. A internet ajuda, claro, a manter contato, a saber as notícias em tempo real. Mas nunca vai substituir a presença.

Quando o coração fica muito apertado e um nó enorme sufoca a garganta, penso em como elas estão bem, felizes, morando em um lugar melhor do que aqui, com segurança, saúde, transporte público de qualidade, bons empregos, educação para os filhos ... tudo tão importante e, ao mesmo tempo, tão pequeno quando o preço a se pagar por isso é a distância.

Embora seja o curso natural da vida os filhos crescerem e deixarem o ninho, quando voam para muito distante, não existe, minha amiga, nem uma fórmula nem uma medida certa para nos consolar.
Tem dias melhores, quando estamos em contagem regressiva para a chegada delas. Tem dias piores, logo depois que vão embora. Tem dias onde a saudade dói tanto que parece que o nosso peito vai arrebentar, tem dias que ela se comporta e não nos sufoca e a gente até consegue passar o dia inteiro sem chorar. Tem lágrimas e sorrisos, ansiedade e esperança. E, misturado a tudo isso, um amor enorme que só queria chegar perto e nunca mais se afastar.

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