segunda-feira, 21 de junho de 2010

O TEMPO PASSOU NA JANELA E A GENTE NEM VIU...



Era um dia chuvoso de junho, como o eram antigamente quase todos. O São João se aproximava e uma pessoinha muito esperada teimava em não querer chegar. O prazo era até o dia 23. Se não resolvesse vir por livre vontade, viria pela livre pressão.
E, ao amanhecer do 20, a pessoinha que ainda não sabíamos quem seria exatamente, resolveu que estava na hora de chegar. Ultrassonografia ainda não era muito usada. Só em raros casos. Então a pessoainha começou se mexer e a dar sinais de que estava chegando.
Foi um dia bastante agitado, carregado de ansiedade. O avô viajando, o pai quase indo para caruaru. Não era pro forró não. Era para trabalhar mesmo. Conseguimos falar com ele, de passagem em uma agência de publicidade, encostando um telefone no outro. Naquela época não havia celular. Tempos pós-jurassícos.
Mala pronta, tudo organizado, vamos para a maternidade João XX 23, novinha, quartos espaçosos, perto de casa. Mas, situada em rua que não era calçada. Imaginem a rua Estado de Israel, na Iha do Leite, hoje cheia de prédios, ser, naquela época, sem calçamento, toda esburacada. E o carro atolou. Não preciso dizer a aflição da avó e da tia. Beirando o curto-circuito. E eu, prestes a entrar em uma sala de parto pela primeira vez, apenas ria e falava que , no máximo, eu ia por o pés na lama. era só lavar quando chegasse no quarto.
O pai, aflito, consegue uns bons e solidários rapazes, que estavam em um botequinho ali perto e o carro é empurrado para fora do atoleiro.
Mas, nem diante de tal aentura, a pessoinha se apressou em sair. Dava umas esticadas, ums viradas aqui e ali e nada.
Depois de soro de indução e 24 horas desde que o primeiro sinal apareceu, a médica, Drª Inês, um doce de pessoa, resolveu partir para a cesaria.
Na maternidade, os amigos e parentes se acovelavam e faziam apostas para ver a que horas nasceria, qual o sexo e coisas do tipo. Era uma animação só do lado de fora do quarto. e eu la dentro, mordendo o travesseiro a cada contração. Mas feliz, por ter meu povo por perto.
E, finalmente, à uma e vinte e cinco da manhã ela chegou, gloriosa, reclamando seu lugar no mundo. Vermelha como um tomate (talvez por isso goste tanto deles), de farta cabeleira preta e espetada, quando a olhei pela primeira vez perguntei se não teriam trocado o meu bebê. Não, não tinham trocado. Mas convenhamos: tendo pai e mãe de pele, olhos e cabelos claros não era lá muito natural a filha ser morena não é mesmo?
" E você chegou tão linda, eu não cantei em vão, bem vinda no meu coração". Era como um presente de Deus, segurar aquela pessoinha nos braços.
30 anos se passaram. Mas realmente, mesmo sendo lugar comum, ouso dizer que parece que foi ontem. Parece que ainda ontem eu a embalava emmeus braços ao som de valsinha, João e Maria, Acalanto e Minha História. embalava a todas assim. Será que é por isso que elas gostam tanto de Chico?
Fecho os olhos e lembro de nossa casa em Natal, da plantação de tomates no pequeno quintal, dos banhos de mangueira enquanto aguávamos o também pequeno jardim e os balanços à noitinha na rede do terraço, enquanto esperávamos papai chegar do trabalho.
E desde aquela madrugada do amanhecer do dia 21 de junho, nunca passamos esse dia separada. Sempre tinha o "tradicional" café na cama, as faixas na parede, os cartões e os presentes, sempre surpresa. Como sempre teve para todas três.
Hoje, não vou poder levar o seu café na cama, nem colar faixas na parede. Seus presentes, já mandei por Beth e Paulo. Não são mais surpresas hoje.
Hoje, a minha menininha está longe, muito longe. Realizando o seu sonho. Construindo o seu futuro. Traçando seu próprio caminho no mundo.

"As minhas meninas pra onde é que elas vão... se já saem sozinhas as notas da minha canção.Vão as minhas meninas Levando destinos Tão iluminados de sim Passam por mim E embaraçam as linhas Da minha mão ... as minhas meninas do meu coração..."
Acho que, depois de 30 anos, o cordão umbelical foi definitivamente cortado. O mundo é o seu limite. Como dizem as músicas de Geraldo Vandré: "É só saber querer pra poder chegar" e "quem sabe faz a hora não espera acontecer".
Tomara que você sempre saiba fazer a sua hora e, sobretudo, saiba fazer acontecer os seus sonhos. Foi isso que sempre lhe ensinamos. Porque é nisso que acreditamos.
Hoje é o seu dia. Aproveite-o de forma plena. Curta cada instante. De hoje e de sempre.
Ficamos aqui, pensando em você, comemorando em pensamento com você: idade nova, vida nova, felicidade nova.
Que a sua vida seja sempre plena de emoção, carinho, solidariedade, fraternidade e muito muito amor.
Te amo muito. Sinto muito a sua falta. A saudade ainda ta doendo em mim....

FELIZ IDADE RÓ!

Com todo o carinho e amor.
Tomorrou an after
you tell me what am i to do
a stand here believing
That in the dark there is a clue

I am the way

I am the light

I am the dark insight the night

I hear your hopes

I feel your dreams

Anda in the dark I hear your screams

Don´t turn away

Just take my hand

And when you make your final stand

I'll be right there

I'll never leave

And all I ask of you believe

Your childhood eyes were so intense

While bartering your innocence

The grown-up wings

You needed


2 comentários:

Rossana disse...

Deixando um comentário aqui só pra dizer que li, mas não tenho condições de escrever nada agora não!
Mais tarde eu prometo que escrevo algo!! TE AMO MUITO!!!!

Louise Anne Vieira de Menezes disse...

O QUE DIZER QUANDO ALGUÉM FALA COM O CORAÇÃO E FAZ O NOSSO SE EMOCIONAR????
VOLTEI ÀQUELE DIA 21 DE JUNHO DE 1980, E REVIVI TODAS AS EMOÇÕES QUE NOS FORAM DADAS COM A CHEGADA DE ROSSANA.
PARABÉNS REJANE .
BEIJOS LOUISE