quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

“DEPOIS DA CHEGADA VEM SEMPRE A PARTIDA”...

Continuando a música de Vinícius e Toquinho ...porque não há nada sem separação.... sei lá, sei lá.. a vida tem sempre razão...”

Há mais ou menos uns dez anos, uma grande amiga minha sofria com a transferência, quase ao mesmo tempo, de dois filhos para Brasília. E, consequentemente, com eles, a mudança de suas famílias. Eu a consolava dizendo que o tempo passava rápido e logo chegariam as férias e todos estariam aqui de novo. Só que, quando as férias chegavam e os filhos e netos enchiam a casa de alegria, o coração de minha amiga ficava apertado, já pensando no dia da partida.

E, mais uma vez, eu me arvorava de conselheira e lhe dizia para curtir o momento, para não deixar que o futuro estragasse o presente.

Os anos foram passando e, há dois anos e meio, no dia 24 de junho de 2008, foi a minha vez de ver a primeira filha partir para morar bem longe. Naquele momento, a dor que eu sentia era tão grande que pensei que nunca ia passar. Foi quando descobri que saudade é uma dor física, que às vezes, parece que não vai dar pra aguentar.

É uma dor opressora. Não encontro outra palavra. Ela aperta o peito, parecendo que não há mais espaço para o nosso coração bater. Comprime os pulmões até a gente não conseguir mais respirar de maneira normal. Obstrui a nossa garganta, formando uma espécie de nó tão grande, que não conseguimos mais engolir ou falar.

Passei um ano e meio sem ver minha filha. Quem nunca passou por isso, realmente não sabe o que é. Eu sei que vocês devem estar dizendo: que bobagem, tem a internet. É verdade. Graças a Deus existe a internet, o MSN e o skype, com sua mágica da gente poder ver e ouvir quem está do outro lado do mundo. Mas, de vez em quando, como faz falta um aperto, um abraço, um cheiro...

E foi quando, no final de 2009 a minha filha veio passar as férias aqui, eu pude, finalmente, entender o que a minha amiga sentia, porque como diz outra canção “ a hora do encontro é também despedida, na plataforma desta estação que é a vida” ...

E, ainda por cima, ao chegar meados de janeiro, a outra filha também iria embora, pra morar também bem longe. Nesta sexta-feira, 14 de janeiro, fez um ano que não nos vemos pessoalmente. Foi o segundo natal em que a família não estava toda reunida.
A que foi embora primeiro, veio passar as férias. Que alegria o dia da chegada. Que alegria ouvir sua voz no quarto ao lado, sem precisar ligar o computador. Como foi bom poder abraçá-la sempre que tivesse vontade. Mas o inevitável dia da volta chegou, hoje faz uma semana.

Sempre gostei da casa cheia dos amigos delas. Desde pequenas, todas as três traziam as amigas pra brincar aqui. Mesmo adultas, era sempre aqui o ponto de encontro da turma.

Ficamos eu, o pai e a caçula. A caçula que já fez 18 anos e que, com certeza, um dia também irá alçar seu próprio voo. Foi pra isso que nós as criamos, para serem independentes e, acima de tudo, felizes.

Quando a caçula passa uns dias longe de mim, fica ainda mais difícil conviver com o silêncio, com o vazio do ninho. Nunca consegui entender as mães que preferiam a época das aulas, porque com os filhos fora de casa, tinham mais sossego. Ao contrário, sempre curti as férias, quando podíamos ficar juntas mais tempo.

O tempo passou, elas cresceram e cada uma está construindo a sua própria vida, a sua própria família. Saber que elas estão bem, que estão felizes, é o que me ajuda a seguir em frente, é o que me consola nos momentos de maior tristeza.

Mas, rebelde e às vezes, inconsolável, não é que esta danada dessa saudade não quer saber de nada disso?

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