sábado, 5 de março de 2011

DESVENTURAS FORA DE SÉRIE - CAPÍTULO 06

SUPRESAS PRIMAVERIS

E agora, vamos para o outro lado do Oceano Atlântico, encontrar uma outra garota, a irmã da nossa já tão conhecida garota das terras nórdicas.

Pois bem, a nossa outra garota também mora em terras geladas, só que pras bandas das Américas.

Morar lá foi a realização de um sonho, acalentado por 15 anos. Chegando em pleno inverno, curtiu a neve e todos os encantos que o frio lhe proporcionava, documentando cada momento com textos e fotos que iam sendo postadas e acompanhadas pela família e pelos amigos.

E, um belo dia, a tão sempre cantada em prosa e verso estação do amor, chegou, enchendo a cidade de flores e cores.

A garota, apaixonada pela cidade onde mora, continuava a curtir cada novidade, cada novo detalhes, daquela primavera que se espalhava.

Era tão legal ver as pessoas cuidando de seus jardins, revolver a terra, garantindo que as flores crescessem lindas e perfumadas.

Bem, dizem que o primeiro beijo, o primeiro amor, enfim várias primeiras coisas a gente nunca esquece.

Mas, com certeza, à lista de primeiras coisas inesquecíveis de nossa garota, será acrescentada que “a primeira primavera a gente nunca esquece”.

Com as flores e cores, a primavera trouxe também chuva, muita chuva.

E, foi em uma dessas manhãs chuvosas que nossa garota se deparou com sua primeira experiência bizarra em terras estrangeira.

Vinha ela caminhando pela calçada, lépida e fagueira, indo para o trabalho quando, de repente, a calçada lhe pareceu estar viva, se movendo, ou algo esquisito desse tipo.

Apurando a vista, olhando com mais atenção, a garota percebeu que realmente algo estava se movendo. Mas, para seu iminente estado de pânico, não era a calçada que se mexia e sim, o que estava se espalhando sobre ela, aumentando de tamanho a olhos vistos.

E o pânico realmente se instalou quando a garota percebeu que aquela massa escura que se espalhava pela calçada eram minhocas. Sim, exatamente isso: MINHOCAS, enormes, gosmentas, nojentas, apinhando-se umas sobre as outras, saindo aos milhares da terra dos jardins, ao longo do caminho por onde passava a garota.

Apavorada e com nojo, via as minhocas se arrastarem em todas as direções, inclusive na sua, chegando a passar por cima de suas botas.

Situação sinistra essa, de ser atacada por minhocas enormes. Na verdade, talvez não fossem nem tão enormes assim. Afinal, sendo irmã da garota nórdica, com certeza também tem uma leve tendência a exagerar no tamanho das coisas que assustam. Talvez, mas ressalto, talvez, nesse item elas tenham puxado à mãe. Mas só talvez. Nesse lance de exagerar um pouco o tamanho das coisas assustadoras...

Para onde se virava, a garota via minhocas e mais minhocas. Mas, corajosa, conseguiu passar por aquelas criaturas medonhas e chegar ao metrô sã e salva, antes de ser devorada (rrsss).

E onde estavam os passarinhos? Com aquela fartura de minhocas dando a maior sopa e nenhum passarinho, nenhuma galinha apareceu para se fartar e ajudar a garota. Vida real e desenhos realmente não se cruzam...

Só mais tarde soube que a chuva forte escavou a terra e libertou das profundezas para a superfície aqueles seres horripilantes.

No dia seguinte e até por vários dias, a garota passava meio desconfiada em frente a jardins. Precisava ter tanta minhoca assim? Que exagero!

Quem pode esquecer uma experiência destas? Acredito que, na próxima primavera, a garota vá pensar duas vezes em sair de casa, depois de uma chuvarada. E talvez nem curta mais ficar olhando as pessoas arrumarem os jardins. Afinal, elas vão estar colocando na terra mais minhocas para se alvoroçarem com a chuva. Alguém merece uma coisa destas?

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