sábado, 12 de março de 2011

DESVENTURAS FORA DE SÉRIE - EPISÓDIO 07

ESQUIS TRAIÇOEIROS

E, voltando aos países nórdicos, encontramos á nossa outra garota vivendo o seu primeiro inverno.

Para quem morou durante toda a vida em um país tropical, onde a noite mais fria de inverno chega a 21º positivos, raramente, enfrentar o inverno nas proximidades do Pólo Norte não é bem uma experiência das muito agradáveis.

Primeiro a neve que cai loucamente. Dias após dia, noite após noite, frio, muito frio, ruas cobertas de neve e roupa, muita roupa e aquelas luvas engraçadas, com o lugar apenas para o polegar e outro para todos os dedos da mão juntos. Muito prático, por exemplo, na hora de pagar o ônibus.

Depois de muita muita neve, a chuva chega para enlamear tudo e depois, o mais dramático: a neve derretida e enlameada congela e, a partir daí, andar pelas ruas se torna uma das tarefas mais difíceis do inverno.

A nossa garota vai trabalhar levando tombos e levantando, sem entender como os nativos do país, sejam crianças ou pessoas idosas, andam lépidas e fagueiras por sobre aquele gelo, parecendo estar andando sobre uma plana e seca calçada.

Nem os sapatos com sola apropriada e nem as solas extras presenteadas pelo chefe foram suficientes para evitar as constrangedoras quedas.

Podem acreditar, às vezes a vontade era sair engatinhando, para ver se conseguia se locomover com mais equilíbrio.

Mas, se vocês acham que isso foi o pior do inverno, esperem para saber o que vem a seguir: esportes de inverno.

E, um esporte muito comum na cidade onde mora a nossa garota é esquiar. Bem, para uma garota tropical esquiar não é exatamente algo familiar.

Acontece que a empresa onde a garota trabalha faz, todos os anos, uma viagem de inverno, levando todos os funcionários para passar um final de semana em uma estação de esqui. Para esquiar, é claro.

Sem ter a menor de idéia sequer de como colocar esquis, a nossa garota foi presenteada, pela empresa, com aulas práticas, como preparação para a tal viagem.

As aulas foram um verdadeiro desastre. Parece que existem coisas que estão no DNA. Dançar frevo e sambar, por exemplo, é para pernambucano e carioca. E, esquiar, definitivamente, é para europeu.

Depois de algumas aulas, um dos chefes convidou alguns funcionários para ir esquiar depois do trabalho. E convidou a estreante para ver como estava progredindo.

A nossa garota foi, é claro, super agoniada, com receio de não conseguir fazer as coisas direitos.

Pois é, não deu lá muito certo é verdade. Mas o pior foi na hora da saída. A garota levou um tombo daqueles dignos de efeito especial no cinema, indo parar em cima dos carros, no estacionamento.

Constrangida, molhada e sem graça, ajudada pelo chefe, a garota levantou, tirou os esquis e decidiu: esquiar não era mesmo a sua praia. Afinal de contas a perda da dignidade tem limites!

Foi por isso que naquela viagem de inverno e nas dos anos seguintes, ela não quer nem saber de esquiar.

Se é pra cair, as quedas nas calçadas, andando no gelo, já dão para o gasto.

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